Almas cúmplices

"[....] Amigo que é amigo quando quer estar presente

faz-se quase transparente sem deixar-se perceber

Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,

se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer

Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha

e oferece lugar pra dormir e comer

Amigo que é amigo não puxa tapete

oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem

quando não tem, finge que tem,

faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão. "

Um dos meus maiores anjos da guarda presenteou-me com o concerto da Simone e Zélia Duncan, ontem à noite. Mais ainda: com as suas asas arrastou-me, literamente, para os (a)braços das duas. "Amigo é Casa" é, acima de tudo, construído em cima de uma tremenda cumplicidade, que transborda para a plateia em rendição absoluta. Nos camarins fui (re)descobrir a enorme simplicidade, entrega e alegria destas duas extraordinárias, maravilhosas, lindas intérpretes da música brasileira. Não me lembro há muito tempo de viver uma noite tão intensa de emoções! Para esquecer: ter tido de recusar por três vezes um copo de vinho tinto oferecido pela Simone. Mas para algum conforto meu Zélia Duncan também é abstémia... Ficaram por cear "bolinhos de bacalhau" sem alho... Fica para a próxima, valeu? E que seja breve.

Não é lindo de se ver?!?!! Pois é... Senti-me completamente adolescente, mas tão completamente... E o que dizer da vergonha? E do coração que só faltava sair pela boca? Ah, meu Deus!

Houve bastantes a ter a coragem que eu não tive... O meu bilhete esteve sempre guardado na mala à espera de um momento de maior arrojo, mas não... não consegui.